2009/11/21
Amigos...
...estão sempre lá. Não é isso que costumam dizer? Eu pelo menos costumo. Não sei onde é propriamente o lá, ou sequer o que entendo por sempre, mas, estão sempre lá. Algures entre o sopro do subconsciente e a vontade de um abraço. Se fosse possível catalogar os amigos numa taxonomia de sensações eu diria que são uma espécie de beijo ao vento, um respirar convulsivo de alegria, a face hirsuta do pai natal, um som estridente, um festival. Como poderei utilizar taxonomias? Nem sequer os sei identificar. Se existisse uma teoria física sobre o conceito amigo a gente poderia imaginar a energia potencial como sendo a probabilidade daquela pessoa que a gente não conhece se tornar um dos cavaleiros indagantes da nossa alma. A energia cinética traduziria a taxa de frenesim que a gente sente quando se encontra, meses depois, com alguém que nunca se chegou verdadeiramente a separar. Os amigos são isto. São? Que visão redutora. Os amigos são muito mais, são aquilo que nunca imaginei poderem vir a ser, o preto no branco, a luz na noite, um calção sem bicicleta, uma visão turva, um antagonismo que nos completa. Numa visão pragmatista os amigos são aquelas almas que nos amparam o som reflectido da nossa personalidade, almas gémeas encarceradas em corpos vários. Os amigos são fieis, constantes, alegres e dizem sim. Dizem? Que visão deprimente. Os amigos enganam os nossos defeitos, faltam à nossa estupidez e entristecem-se com o nosso mau comportamento, os amigos dizem não. Os amigos são tudo aquilo que nunca esperei, envoltos numa realidade que sempre soube existir. São o ontem e o amanhã unidos pelo fio invisível do presente, a água benta presente no éter da aguardente...
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