2008/02/29

Hino aos Trolhas

Frases, expressões manifestações de amor diversas. Todo o sentimentalismo, romantismo calor da fêvera proveniente do mundo dos andaimes...

"Ohh jeitosa.. tens ums olhilnhos.. que que.... fodia-te esse cu todo"

"Pxi ó boa, anda subir aqui ao andaime que já tou com ele montado..."

"Mulher não vale nada, até o pobre tem uma.."

"Para evitar filhos, fode com a cunhada - só nascem sobrinhos."

"Mulher é igual a pão de forma: Quadrada, casca dura, miolo mole e se não comer logo, mofa."

"Nem todas mulheres se realizam no fogão. Muitas só encontram a felicidade no tanque."

Este post surgiu de uma conversa profunda, tipica de casa de banho com, o excelentissimo Maurício...
Obrigado rapaz. O que era de mim sem ti...

2008/02/28

A nossa musicalidade

O dia estava revestido de um cinza triste. O sol parecia ter-se zangado com os mortais para se vingar decidiu não aparecer naquele dia. Quando os dias se vestem com uma roupa triste, como era caso, a única solução passa pela aplicação de maquilhagem musical. O mp3 é sempre uma aprazível solução...

No, I don't wanna fall in love (This world is only gonna break your heart)
No, I don't wanna fall in love (This world is only gonna break your heart)
With you


-Olha olha. Não me acredito que também ouves Him. Adoro a música Wicked Game.
-Quem te disse que isto é Him? Chama-se Chris Isaak e é uma reinterpretação de um dos
maiores sucessos da Ágata. És uma ignorante.
-Sim claro. Já me esquecia que aqui o entendido em música fatela és tu!
-Presumo que fatela seja o equivalente ao rasca mas dito por uma betinha de cascais certo?
-Mas uma betinha muito bonita certo? Uma betinha que tu não te importavas nada de...
como é que vocês dizem mesmo? Ah já sei... Uma betinha boa para afiambrar. Vocês gajos são todos iguais.
-Cabreiros queres tu dizer?
-Cabreiros? Que é isso!
-Não sabes o que quer dizer cabreiro? O teu grau de betice atinge níveis inimagináveis.
-Continuo à espera...
-Bem ser cabreiro é possuir a fantástica arte do maçarro.
-Maçarro? Então? Estás a gozar com a minha cara certo?
-Presumo que não saibas o que quer dizer maçarro...
-Pois, devia?
-Claro que devias, como é que queres entender a profundidade dos diálogos nortenhos se nem sequer conheces o dialecto base? Gajas...
-I'm waiting...
-Ser maçarro é ser rude, desprovido de elegância, azeiteiro no pior sentido da palavra.
-Ah ainda bem que nos entendemos. Que música é essa que tens no mp3?
-Quê, não me digas que não conheces isto.
-Sim conheço sei a letra de cor,

-...Então seguirei meu coração, até o fim
Pra saber se é amor
Magoarei mesmo assim, mesmo sem querer
Pra saber se é amor
Eu estarei mais feliz mesmo morrendo de dor (yeah)
Pra saber se é amor, se é amor...


-Então pah? A ouvir J Quest? Não tens vergonha. Musiquinha de senhora?
-Vocês gajas não estão sempre a dizer que nós gajos somos uns insensíveis? Pois então? Isto é só para ajudar a desenvolver o meu lado feminino.
-Por este andar ainda te vou ver a ouvir Tony Carreira.
-Não minha querida não sou assim tão perfeito. A minha personalidade molda-se, é verdade, mas há limites para tudo...
-É mesmo verdade?
-Verdade?
-Que eras capaz de magoar só para saber se é amor?
Ela ri-se com ar cúmplice.
-Claro que era. Ontem quando saíste ainda pensei em dar-te com a cadeira nas costas
Ela ri-se de uma maneira compulsivamente idiota.
-Pois. É a sorte que tenho. Ou cagam para a minha existência ou dão-me com cadeiras
e mobília diversa.
-Cagam para a tua existência. Em português existe a palavra indiferença. Hás-de experimentar usa-la.
-Olha que lata, fala o gajo que só diz caralhadas!
-Ora essa. Quanta revolta. Caralhadas? E isso são lá maneiras de falar? Logo tu
que até andaste nos escuteiros. Devias ter vergonha.
-Olha-me este gajo a gozar com a minha cara. Vou ter de aturar as bocas dos escuteiros durante a vida inteira?
-Ora essa claro que não... só enquanto eu for vivo.
-Foda-se que sorte a minha.
-Tens a certeza que desististe dos escuteiros? Eu acho que foste expulsa por síndroma de Tourette.
-Vou fazer de conta que não ouvi. Por falar em ouvir que merda é essa que tá a bombar nesse
teu mp3 maricas?

-...This is the way you left me
I'm not pretending
No hope, no love, no glory
No happy ending...


-Mika!? És gay! Só podes ser gay!
-Porquê tu não ouves Mika?
-Sim mas eu sou gaja.
-Ah claro, não tinha reparado!
-Isso é uma boca por ter as mamas pequenas?
-Não tenho nada contra as tuas mamas. Alias até as acho bastante interessantes. Se
as tuas mamas falassem acho que seriam bem mais educadas que tu.
-Olha mas que merda, tas com uma moral do caralho. Passas a vida a dizer merda e agora tás com umas fitas merdosas.
-Parabéns.
-Parbéns porquê?
-Atingiste um novo record de palavrões numa só frase.
-Irritas-me
-Eu sei. E é tão divertido não é?
-É...

2008/02/25

Saindo da gruta

Cova, lapa, furna. O que lhe queiram chamar. Para mim é somente um sítio escuro onde a gente se refugia sempre que precisa de momentos de maior intimidade. Ela também tem uma gruta só para ela. Visita-a mais vezes do que eu. Parece constantemente aluada, olha de uma forma evasiva, prolonga o olhar no vácuo por escassos segundos que acabam sempre com um gosto interminável. É bonita. Tem um sorriso parvo e olhar meigo. Não veste roupas parvas nem pinta a cara. É de um vulgar encantador. Tem um brilho característico, uma reflexo distinto da alma. Tem estatura mediana e o corpo revestido por uma matiz de claro castanho. Os cabelos brilham com uma intensidade alegre. Não sei se o tratamento tem origem em herbal essences mas o efeito é igualmente inebriante. A voz embebeda o mais rígido pensar. O mais básico cálculo mental torna-se num desafio hercúleo. Na sua presença o sistema nervoso é alvo de mini ataques, parece ser bombardeado por pequenos rebentamentos nucleares no centro de cada uma das células que o definem. Robustez, valentia, transformam-se a uma velocidade gelatinosa num tremendo feixe de nada. É extremamente irritante. Ao tentar expulsar o marasmo que o habita, refugiando-se nos seus mais secretos mundos, dá por si abrindo as portas cardíacas. No meio do pânico que se apoderou de todo o seu mecanismo humano ele sorri. De uma forma aparvalhadamente denunciada. Ela fita-o com olhos atentos, as sobrancelhas reflectem a certeza de que algo se passa. Rastreia as mãos trémulas e sorri. Finge-se despercebida, diverte-se com a vulnerabilidade declarada. O suor fino que rasteja sobre a pela nervosa denuncia o seu olhar atrapalhado. Farto do silêncio ensurdecedor que cada vez mais o amarrava a si mesmo ele lá acaba por proferir as primeiras palavras. Apesar do pensamento trémulo a voz fluiu com uma serenidade contraditória.
-Pões-me nervoso. Sinto-me como que se estivesse prestes a fazer um exame à próstata.
Ela ri-se, fita as suas mãos, já mais calmas dizendo
-Bem desde que me vejas como uma médica simpática, não vejo problema nenhum. Já agora, tens mesmo de imaginar um exame à próstata!?
Ele sorri, sente-se parvo.
-Pois, agora que já conheces as minhas fantasias sexuais já podemos ser verdadeiros amigos...
Ela dá uma gargalhada e olha-o de uma maneira extremamente divertida. A resposta que lhe dera tinha tanto de cómica como de evasiva.
-Confessa lá estás nervoso por minha causa!
-Não, achas? Só estou assim porque hoje é o meu primeiro dia nas aulas de ballet.
-Ah claro, ballet. Como é que não me lembrei disso. Logo tu que tens uma predilecção por danças.
-Estás a ver como tu me conheces?! O que era de mim sem ti?
-Bem talvez sem mim a tua t-shirt ainda estivesse seca.
-És convencida sabias?
-É assim que tratas quem te faz suar?
Ele riu-se do que ela acabara de dizer. Interpreta a palavra suar da forma mais lasciva possível. Apesar do seu subconsciente ser tudo menos libidinoso o carácter menos sério na conversa ajuda-o a serenar.
-Pois sim, suava minha querida. Nem sabes tu quanto.
-Claro que sei, suavas como um trolha ao sol. Tipo cantoneiro enquanto limpa as bordas da estrada.
-É bom saber que me vês como um trolha, de cerveja na mão. Já agora nesse teu edílico mundo eu também mando as típicas bocas?
-Não, no meu mundo tu és um mudo surdo que sua por todos os lados.
-Ah. Sempre tão querida. Se não fosse homossexual dava-te um beijo.
-Tu só não me dás um beijo porque eu te faço suar.
Ele estremesse por dentro, mas oculta o terror que sente com um riso enganador e mais uma saída insólita.
-Sabes muito bem que só suo porque o teu pai tem um talho e imagino-te constantemente de cutelo na mão a dizer quer lombo ou costeleta?
Ela ri-se compulsivamente, os olhos brilham e o sorriso espelha a alegria com um misto de desconcerto.
-Pois tinha-me esquecido das minhas origens. Estou a ver que nem o facto de estar a finalizar o curso de advocacia te faz esquecer a minha infância de carniceira.
-Nunca me vou esquecer dessa tua faceta. Não imaginas como és sexy de toucinho na mão.
Ela ri-se de novo. Ele finge ter falado sério. O frio, o nervo miudinho e o tremer generalizado tinha acabado por se dissipar por entre cada frase parva que tivera pronunciado até então.
Toca a campainha a aula chama-se ciências sociais.
Ela levanta-se deixando que os seus olhos se arrastem num movimento vagaroso. Ele permanece impávido imaginando esta despedida breve em forma de ósculo estrelar...

2008/02/24

In the wind...




How many roads must a man walk down,
Before you call him a man?
How many seas must a white dove sail,
Before she sleeps in the sand?
How many times must cannonballs fly,
Before they're forever banned?

The answer, my friend, is blowin' in the wind
The answer is blowin' in the wind

How many years can a mountain exist,
Before it's washed to the seas
How many years can some people exist,
Before they're allowed to be free?
How many times can a man turn his head,
Pretend that he just doesn't see?

The answer, my friend, is blowin' in the wind
The answer is blowin' in the wind.

Yes and how many times must a man look up,
Before he can see the sky?
Yes and how many ears must one man have,
Before he can hear people cry?
Yes and how many deaths will it take till he knows
That too many people have died?

The answer, my friend, is blowin' in the wind
The answer is blowin' in the wind

Bob Dylan

2008/02/19

Caseirices...

Ficam aqui algumas fotos das aventuras alucinantes que se praticam na casa Fernandes.
A primeira fase da missão: A base das pizzas.



Fase dois: A parte em que a gente dá cabo delas.

A missão seguinte chama-se:
Assado de Domingo, a pior das missões


Missão Pãozinho da Mãe:



Atenção. Estas missões foram feitas por pessoal especializado. Gente que pratica durante anos a fio. Os treinos são duros e somente ao alcance de uma elite. Be aware, this is not kid stuff.
Fica aqui a cara da minha irmã quando se lembra do assado da mamã:

2008/02/18

A verdadeira febra...

Lady Orbita


Brevemente com mais duas companhias...
:D

2008/02/11

Passeio de domingo

Ela costuma olha para o tom tom de uma maneira um bocado aparvalhada. Fixa o pequeno monitor e parece tentar antecipar as viragens do boneco. Não faria mais sentido ela olhar para mim? Afinal de contas sou eu quem vai a conduzir. Às vezes rio-me do olhar parvo dela. Quase sempre sabe que a estou a observar. Faz de conta, espera pacientemente que eu desista de olhar para ela. A maior parte das vezes consegue. Mas quando desiste da pose despercebida fica com um sorriso estúpido. Aquela alegria de puto a quem roubaram o carrinho de brincar (se calhar deveria comparar com a barbie e ken). Os passeiso de domingo são incrivelmente originais. O carro é conduzido à vez e a missão consiste em surpreender o outro. Confesso que a maior parte das vezes me surpreendo a mim mesmo. O poder da aleatoriedade é verdadeiramente fascinante. Acabamos sempre por descobrir cenários novos. De todo o tipo. Cenários edílicos, pinturas de pobreza extrema, áreas de pura luxúria, o extremo do banal, enfim é tudo diferente. As coisas são sempre diferentes. Se passarmos cem vezes pela mesma rua iremos ver cem novos pormenores. O verdadeiro segredo consiste em andar desperto. É importante mantermos uma filosofia relaxada. Os nossos passeios de domingo são os nossos momentos Zen. Não quero com isto dizer que passemos este dia numa pasmaceira constante. Muito pelo contrário. A maior parte das vezes gozamos com a cara um do outro. A brincadeira só para quando um de nós se lembra de usar a lei da força para acalmar os ânimos. As conversas parecem não ter fim. O culminar de um assunto acaba sempre por criar dez novos temas de conversa. Há quem diga que isto é a definição de alma gémea. Eu discordo. O conceito gémeo é estupidamente redutor. O verdadeiro interesse está na diferença, A heterogeneidade que nos complementa, alimenta e deixa felizes. Quando penso nos nossos pontos em comum não vejo nada que se destaque, nada suficientemente notório que me faça dizer, realmente esta gaja é exactamente como eu. Ainda bem que é assim. Tenho tanto para descobrir (defeitos principalmente). Isso deixa-me feliz. É bom saber que o acordar de amanhã será diferente do deitar de hoje. A nossa vida é uma viagem, passeio este que se torna muito mais colorido quando acompanhado por pessoas vivas e radiantes. Onde ia eu? Ah sim o passeio de Domingo. Não é que a gente passe a semana inteira à espera do Domingo (isto seria muito triste) mas este dia é diferente. Não sei se por termos o tempo inteiramente ao nosso dispor, se pela tranquilidade generalizada tipica de fim de semana, se por um outro motivo qualquer mas a verdade é que é diferente. Muito diferente. Hoje é um dia diferente, é quarta feira. Mas para nós foi um autêntico dia de Domingo. Ela não teve aulas e o meu chefe deu-me o dia para tratar da queda que tive ontem. Passei o dia dentro de casa, alternando sofá com mesa de almoço. Ela foi à piscina de manhã. Eu limitei-me a ver a chuva cair. Na televisão passava algo puramente desinteressante, eu olhava para a o ecrãn fixando a mente no movimento dos pássaros. Acordo e dou de caras com o Claudio Ramos acompanhado das suas estúpidas verborreias. Apago a televisão. Levanto-me com algum custo e dirijo-me à janela que lacrimeja finas tiras de água. O dia é feio e escuro, na escuridão eu vejo o sol e na intrínseca cor brutesca eu imagino as braçadas que dás na piscina. Pelas horas deves estar mesmo para acabar o treino. O que eu dava para estar dentro de água. Em vez disso puxo pela imaginação. Desligo os sentidos e fixo a minha atenção unicamente no monótono som da chuva. A porta abre-se e tu apareces com os cabelos molhados, as maçãs do rosto com um vermelho vivo e um sorriso radiante. Eu olho meio que envergonhado e mostro o petisco que tivera preparado. A comida estava um ranço, esqueço-me sempre do sal. Felizmente a tua fome era maior que a minha falta de jeito para a cozinha. A refeição foi um suceder de caretas com risos compulsivos. Às três da tarde estavamos os dois a lanchar, na verdade este foi o verdadeiro almoço. Desta vez não houve caretas, só risos parvos....

Regresso à infância

2008/02/09

Dia de carnaval


Momentos

Uma imagem preta numa noite muito luminosa.
Ehehe

2008/02/08

2008/02/07

Poemas de casa de banho

Algumas gravuras que achei interessantes, não me perguntem o que estava a fazer porque o assunto era uma "merda"

A diferença entre cagar e levar no cu é meramente vectorial
Newton

Não escrevam nas portas da casa de banho.


Pedra, vuraco, ... -->És de vijéu??

A inscição na pedra

São menos de 200 páginas, pequenas páginas devo dizer. Daniel Hillis é um cientista norte americano que ficou famoso por ter inventado o computador mais rápido do mundo. Não conhecia nada deste traste até há alguns dias. Num daqueles normais deambulares pela Bertrand encontrei um livro muito pequenino, este livro


normalmente os livros de pequena dimensão chamam-me à atenção. Se os autores escrevem algo que cabe em poucas páginas é porque em princípio o conteudo deve estar bem condensado e não há tempo para viagens filosóficas muito chatas. Este livro não é sobre geologia, é sobre computadores. Em 192 páginas Hillis consegue cobrir toda a computação de uma maneira quase infantil. Quase todos nós já ouvimos a frase célebre de que o computador funciona com 0's e 1's, mas se perguntar-mos às pessoas como é que 0's e 1's são capazes de efectuar cálculos e servir a base de todos os complexos sistemas informáticos aí as respostas não serão tão fáceis. Uma das mais engraçadas reveladoras e interessantes histórias que se pode ver descrita neste pequeno manual é a programação do jogo do galo feita numa maquina mecanica com paus e fios que se encontra actualmente no museu da ciência do MIT.
Quando a gente assiste a uma cadeira no ensino superior é muitas vezes confrontado com equações, teoremas e respectivas demonstrações e é incrível como no meio disto tudo se esquece por completo a ciência. Na inscrição de Hillis somos presenteados com ciência no seu estado mais puro, é-nos dado a conhecer as ideias por detrás dos teoremas. As brincadeiras que justificam demonstrações tudo sob uma linguagem universal. A da imaginação...

2008/02/05

Lutas ao vento...

-Onde foste ontem?
-Não sei, acho que não fui a lado nenhum, no entanto não me recordo de ter parado um momento que fosse.
-Mas então e por onde andaste?
-Andei a correr atrás de mim, com medo de ser apanhado.

Ficaram os dois com cara de parvos a admirar o semblante risonho que ambos espelhavam na cara. As maças do rosto muito vivas, o sangue parecia correr colérico nas veias, ao mesmo tempo que os olhares eram serenos, cheios de paz. Acho que a palavra é sossego. Conceito raro neste apressado mundo em que vivemos. As pessoas que passavam ao longe mostravam uma nítida pressa, um nervo miudinho que as consome. Pobres almas, esqueceram o que é viver e jogam a vida num corridinho constante. Fazem-me lembrar a figura ridícula que um boi faz quando tenta apanhar a sua própria cauda. Eles escolheram manter o mundo à parte. Decidiram um dia que iriam empurrar todo o stress do quotidiano para longe deles. Escolheram olhar a felicidade mais de perto. Ele repousa deitado sobre o frio do cimento e olha o céu com esperança no olhar. Não sabe o que vai ser o futuro, mas isso também não interessa, está mais preocupado em congelar o tempo no presente em que se encontra. Conta as nuvéns e deixa que o vento lhe beije os cabelos. Sorri. Ela brinca com uma flor e murmura bem me quer, mal me quer, bem me quer, mal me quer... ele ouve o murmúrio diz em voz baixa, mal te quer, mal te quer... Ela atira a flor para longe e deixa que o seu olhar se fixe no arrastar das folhas pelo chão. O vento dá sinal de si e ouve-se um assobio baixo, ela vira-se de frente para a corrente e deixa que o vento a abrace. Sorri e inicia um cantico qualquer. Provavelmente a última música que ouviu no leitor de mp3. Ele fecha os olhos e tenta respirar a voz melodiosa enquanto ouve o som do silêncio. De repente cansa-se e levanta-se, ele olha para os cabelos que esvoaçam e dirigi-se devagar para trás de um muro vizinho. A música acaba e ela abre os olhos. A expressão muda. O ar sereno transforma-se num sorriso maroto. Dá duas voltas sobre si mesma e desata a rir. Para onde foste desta vez meu palhaço? Fez-se silêncio. Ela voltou. Sabes? Tou muito melhor sozinha. Antes só do que mal acompanhada... Seu gay! Ele ri-se e denuncia a sua posição! Ela dirige-se silênciosamente para o local onde lhe pareceu ter surgido o som Sabes uma coisa? És muito mau a jogar às escondidas!. Ele supreende-a por trás gajas, vê-se logo que não entendem nada de estratégia militar. Sorriem de um modo deliberadamente parvo, ele porque adora que as partidas que engendra tenham sucesso e ela porque detesta fazer figura de parva mas não gosta de dar o braço a torcer.
-Saiste-me cá um artolas!
-Oh tadinha, vai fazer beicinho?
-Não, achas? Mais depressa te dava um murro no focinho.
-Oh não eras capaz. Não agora que acabaste de “tratar” das unhas.
-Tens razão um pontapé na cara se calhar era melhor ideia.
Ele ri-se, ela dá-lhe um beijo.
-Então? Mas que tipo de luta é esta? Jujitzu?
-Não é judo, eu sempre gostei de agarrar!
Ela ri-se e agarra-o com força.
-Olha lá não me rasgues o “kimono” que eu não tenho aqui segundo equipamento e a casa ainda fica longe.
-Ah não te preocupes a gente não precisa de equipamento para lutar. Gosto do conceito luta corpo a corpo no sentido literal da coisa ...

2008/02/03

Ensopado de nabiças

Poeira no ar, cinza no ar, fumo e uma cenário desagradável em demasia. A primeira coisa que passou pela cabeça foi, se fosse um cozinheiro diria que o dia hoje começou com uma manhã em forma de salada russa, a tarde um autêntico ensopado de nabiças e a noite está-se a revelar uma fantástica roupa velha. Os incêndios são uma praga terrível. De todas as catástrofes que me invadem a mente os bailaricos de chamas que invadem as matas são aquelas que mais me chateiam. Há uma extensa gama de pesadelos naturais. Lembro-me por exemplo dos sismos. Não entendo porque consideram os tremores de terra uma catástrofe. Um sismo não é nada mais nada menos que o nosso querido planeta terra num arrotar a alho, é como que um peidinho. Não podemos censurar a mãe natureza de fazer uso das suas necessidades biológicas. Mais, é sabido que anda por aí muito empreiteiro a desrespeitar muita da regulamentação e leis de construção civil. Quanto mafarrico armado em esperto não se dedica à contrução de edifícios com metade do cimento e o dobro da areia? O nosso amigo sismo é um identificador de mafarricos. Os gajos fazem construções javardas e o sismo que tem um google mafarrico, mais conhecido por googlerrico, um poderoso motor de busca de mafarricos, detecta uma certa percentagem de construções mafarricas levanta-se do seu enorme trono e manda as casotas todas a baixo. Parece-me justo. Na verdade o nosso amigo sismo havia de nos visitar mais vezes. Ainda no tema catástrofes naturais podemos encontrar aquilo que muitos chamam por cheias. Na minha opinião as cheias são tudo menos catástrofes naturais. No que respeita a água acredito que mais nunca é demais. (tirando obviamente no dia de carnaval do rio de janeiro. Aí realmente não convém nada que chova, queremos é calor. Hum.. que rico carnaval) As cheias (assim como as bundas brasileiras) são dos mais valiosos bens que temos ao nosso dispor. Quantas vezes a gente quer passear numa tarde de domingo e não consegue parar em lado nenhum porque não há estacionamento disponível? Quando há cheias não há nada disto. Não há carro que fiquei mais de dez minutos no mesmo sito. Melhor ainda, temos a fantástica oportunidade de experimentar o barco de borracha sem ser preciso andar quilometros até ao rio ou mar. Já que se falou em cheias e sismos não podia deixar de falar dos furacões. Este é mais um exemplo que não entendo. O pessoal considera os furacões uma tragédia natural. Como é possível.? Tragédia natural é ligar a televisão e dar de caras com o Claudio Ramos (foda-se até me custa dizer o nome) . Ventos agrestes são aqueles emanados pela boca de coisas como aquela estrutura estranha designada vulgarmente por Castelo Branco. Isto sim são tragédias naturais. Um furacão não passa de um fogo de artifício de baixo orçamento mas de muito maior impacto. Repare-se que o fogo de artifício se resume ao atirar de coisas ao ar que causam alto impacto visual e sonoro. Ora num furacão temos exactamente o mesmo princípio. Em vez de termos foguetes a voar temos carros, telhados de casas galinheiros e gente surda que não pela visita do nosso amigo. Na verdade um furacão não passa de um espetáculo gratuito que a nossa mãe natureza nos concede. Quantos de nós não fomos a concertos de metal? Para mim é mais prejudicial assistir a um concerto de Slipknot do que à dança do Katrina. As pessoas queixam-se com o governo pelo fecho das maternidades, apontam o desemprego como factor preocupante na sociedade em que vivemos mas esquecem todo o dinheiro gasto no carnaval da madeira. Custa alguma coisa encomendar um furacão e uma tempestade para fazerem uma visita ao Alberto João? Em vez de ver o Alberto num carro, todo fantasiado e rodeado de gajas boas a abanar o cu, em volta dele tinhamos um cenário muito mais eloquente, um verdadeiro hino a César. Já imaginaram o grandioso espetáculo que seria ver o Alberto João a voar no meio do furacão vestido de Maria Amélia e a gritar ai maezinha anda-me tirar daqui. Depois de aterrar no meio de um campo de milho tinha ainda os trovões a comerem-lhe no cu.
Sismos, terramotos, tempestades é tudo malta amiga...

2008/02/02

Araújo o grande...

É sabida a existência de muito aspirante a comediante. Muitos de nós, no nosso dia a dia sacamos daquelas piadolas de bolso para animar a malta. É bom rir, é verdade. Uns riem porque sim, outros riem porque não sabem fazer outra coisa. Há quem ri na casa de banho ou quando o professor vira costas. Rir assim como quase tudo o resto no mundo tem uma certa arte associada, mas em geral não é dificil rir, no fundo basta querer. Acima do rir porque sim, muito para além das piadas fúteis acerca dos mais banais temas encontramos a fantástica arte satírica. Uma forma muito peculiar de humor, o expoente máximo resultante do casamento perfeito entre a crítica voraz e o humor inteligente. Neste campo só me vem à cabeça um senhor. O mestre Araújo. Esta é a sua mais recente obra prima.
Mais do que um estado de alegria, o humor pode (e na minha opinião deve) ser a mais eficiente maneira de criticar, expor injustiças, e de abrir os olhos de muita gente.



P.S -- Quem nao achar piada tem sempre os malucos do riso na sua nobre missão:
Entorpecimento da alma é poder!