Começou hoje o mês de Dezembro. Com a vinda do frio chegou também a hora das renas e do pai natal. Vê-se por todo o lado, invariavelmente, pais atarefados, agarrados ao consumismo do costume. Por todo o lado se encontra um puto a olhar petrificado para um carrinho qualquer, ou então uma miudinha que repara na boneca que se encontra mesmo ao lado da secção do fiambre. Enfim é natal. Encontramos por todo o lado luzes, arvores, um milhar de símbolos típicos desta época natalícia. Em cada janela, carro, que passa à nossa frente podemos encontrar sempre um senhor de vermelho em cima de um carro puxado a renas ou então uma árvore pincelada de cor e alegria. Esta contagiante maré transporta-nos, nem que seja por breves momentos, para um mundo diferente. Somos levados, quase como por magia, para terras bem distantes daquela em que os nossos corpos jazem. Em quase todos os rostos de criança encontramos um sorriso rasgado, expressão que retrata fielmente a felicidade que transporta. Cada um destes pequenos seres trás consigo um brilho vivo nos olhos. Um brilho de fantasia de expectativa, todos os meninos que encontramos na rua trazem na mente o espírito possuído pelas várias prendas que perseguem durante todo um ano. Vimos também nesta mesma altura pessoas com os seus 60, 70 anos passeando tranquilamente sob a iluminação natalícia dos grandes centros comerciais. Ao contrário dos mais pequenos que só vem no natal uma maneira de satisfazer os seus desejos de criança, estas pessoas trazem no rosto uma expressão de fraternidade, compaixão, tranquilidade infindável. Vemos também, infelizmente, aqueles que sobrevivem, dificilmente, ao rigor do Inverno sem uma casa, um lar, onde repousar.
Apesar de este ambiente ter origem em factos de natureza religiosa, pouca gente se lembra do verdadeiro significado do Natal, o egocentrismo típico da nossa sociedade leva a que a maioria das pessoas concentrem toda a sua energia nas compras do natal, no bacalhau, nas vinte prendas e na arvorezinha e se esqueçam de cumprir o dever moral de respeitar todos os valores desta bonita época.
Se pudesse moldar o mundo à minha imagem, pintá-lo-ia de forma bem diferente, todo o amarelo de egocentrismo emitido por algumas almas mais pobres dariam lugar ao branco fraternal e amigo, faria desta mês um mês mais claro e transparente…