2007/09/07

Abrindo a alma...


É mais ou menos como um gradual despertar. A gente a início nem sabe sequer muito bem o que se está a passar connosco, sabemos que estamos a mudar, estamos sempre a mudar. Entre todas as mutações que vão ocorrendo normalmente no percurso da nossa vida, há umas que nos dizem mais, outras menos, mas todas contribuem para o evoluir daquilo que somos enquanto pessoa, enquanto entidade capaz de crescer e se adaptar ao mundo em que vive. Dependendo da personalidade de cada um, todas estas alterações que despoletam no nosso mundo, alterando a nossa forma de pensar, moldando o que fazemos durante o nosso quotidiano, são mais ou menos agressivas para a nossa alma. Entenda-se alma como sendo aquela parte de nós que tendemos esconder de tudo e todos, muitas vezes escondendo de nós próprios. Esta porção mágica constituindo aquilo que de mais belo temos é um ambiente no seu estado mais natural, é um oásis no deserto que muitas vezes mostramos ao exterior. Não acredito em pessoas desinteressantes, incapazes do que quer que seja. Quanto mais eu vivo, mais certeza tenho de ser fruto do mundo em que me encontro, do ambiente que me rodeia, do ar que respiro. O pequeno tesouro que cada um de nós traz escondido é como um embrião em fase de desenvolvimento, uma fase que dura na maior parte das vezes uma vida inteira para levar este ser mutante a um estado mais alto, à emancipação daquilo que somos enquanto entidade capaz, enquanto sujeitos portadores de ideias e mundos escondidos. Muitas das pessoas que conhecemos durante o decorrer da nossa vida tem um percurso menos feliz, são muitas vezes um resultado de traumas passados na infância, outras vezes são somente o resultado de um espírito mais fraco, de um subconsciente auto destrutivo que insiste em consumir a alma. A maior parte destas pessoas vive numa inquietude constante, odiando o que são, detestando a fraqueza que carregam consigo, traduzindo a sua existência num vazio completo. Felizmente são poucas as pessoas que conheço nesta situação psicológica que considero deplorável, grande parte das pessoas com quem convivo são relativamente fortes de espírito, encaram a generalidade das agressões ao seu estado mental de uma maneira bastante positiva e crescem com isso, fortalecem a sua personalidade em cada adversidade que ultrapassam, nutrem o espírito e libertam cada vez mais aquilo que são, aquilo que encerram no âmago escondido da alma. Acredito que o encontrar do homem consigo mesmo se revele não num certo momento mas sim com o concluir etapas, acredito no abrir pleno da alma quando vivemos aquilo que somos, aquilo que queremos ser, aquilo que projectamos encontrar no mundo em que vivemos. Tudo isto são ideias vagas, proposições facilmente refutáveis e uma teoria que tem, em boa verdade, uma origem romanceada numa visão primaveril daquilo que eu sou enquanto ser escondido, daquilo que eu vejo enquanto criança, enquanto espírito juvenil, mas não deixa de ser uma visão, uma interpretação do eu no mundo em que me encontro, uma projecção do meu ser, uma intersecção entre o que dou a conhecer e aquilo que verdadeiramente sou. Aspiro como todo o e qualquer humano a um constante abrir de alma e tenho toda a vida para o conseguir…