2007/08/12

Voando sozinho...

Nunca tiveram a sensação de estarem no meio de um filme de ficção!? Aposto que todos vós já viveu uma ou outra expriência menos habitual e digna de registo. Às vezes dá mesmo a sensação que somos especiais pelo simples facto de andarmos cá. Não é bom andar ao sabor do vento? Chegar a casa e repousar na cama o corpo cansado. Levantar num fim de semana com uma mochila e sair para um sitio qualquer, sem destino, sem saber onde pra onde vai nem com quem, na maior parte das vezes voltando sozinho acompanhando somente o sorriso que trás na alma. A felicidade ser, de não pensar em mais nada. Não é bom andar de cabeça levantada, com o sentimento de dever cumprido, sorrir a cada vulto que passa, e olhar para trás com a certeza que tudo o que fizemos era aquilo que deviamos ter feito? Há alguma coisa que valha mais do que a cumplicidade de um abraço amigo? Que o sorriso malandro partilhado por um amigo no final de uma brincadeira mazinha? Haverá alguma coisa mais importante do que a vontade de viver? Do que a vontade de ser feliz sozinho? Até à bem pouco tempo achei que sim. Confesso-me um pouco inocente. Tentei moldar a minha vida em função de uma realidade maior. Quis ser feliz mas não sozinho, achei que tinha encontrado uma alma gémea e tentei moldar a minha vida à dela. Esqueci-me do sabor do vento na cara ao subir a serra de bicicleta. Deixei de lado o prazer de viver pra mim. Deixei de pensar em mim, passei a pensar no mundo, no que fazer pra tornar o mundo melhor, era feliz e queria fazer feliz os outros. Estarei errado em pensar desta forma!? Serei eu uma pessoa chata pelo simples facto da minha conversa não inserir piadas foleiras e críticas ilegítimas? Serei culpado por não me conseguir rir ao ver que o mundo que criara se estava a destruir à minha frente!? Serei eu um "cona" por causa disso? Detesto novelas, sempre detestei. Nunca achei piada nenhuma ao facto de meia duzia de actores se acharem capazes de representar um sentimento, valor, sensação única que vulgarmente designamos por "amor". Não consigo achar piada a actrizes porque as vejo despidas de qualquer significado. Não é o conceito sexo que procuro. Estarei errado em pensar assim? Estarei errado em tentar entender tudo o que se passa à minha volta? Será que sou o único que luta por compreender os amigos em vez de os aceitar. Como é que podemos aceitar o que não entendemos? Faz algum sentido isto? Durante muito tempo eu pus em questão tudo isto, o meu mundo foi um completo caos. Senti-me perdido, sozinho e procurei encontrar o meu lugar no mundo do outro alguém que se fazia acompanhar nos meus guias de vida. Ha aqui alguém que me explique o que está de errado em tudo isto? Não merecerei eu respeito enquanto pessoa? Confesso que me senti em queda livre, em direcção a um poço de dor, rebolei vezes sem conta pelos braços da tristeza. Para quê? Para ser visto como um "cona". Eu não sou um coitadinho, bom da fita, até porque aqui não há fita, é tudo digital, mas fui sempre sincero. Disse sempre o que me ia na alma, para quê? A primeira vontade é sempre de partir tudo o que está à nossa volta, é uma maneira primitiva de reagir é verdade, mas o que é que vocês fazem quando são atacados!? Reagem indiferentemente? Acho que não, e ainda bem que assim é. O meu pai repetia vezes sem conta que quem não sente não é filho de boa gente. A gente sente sempre, quando aquilo que sente é verdadeiro. Falta de vontade de viver? Sim confesso que me senti muitas vezes abatido triste e deprimido, porque me fechei num mundo sozinho, rejeitei partilhar a dor com amigos, irmã, mãe, colegas, tudo porque te respeitava e admirava. Eu nunca me adaptei à vida. Sempre lutei por aquilo que tive, sempre vivi cada instante como se fosse o último, dei sempre mais de mim do que aquilo que deram por mim. Eu sou feliz assim, não quero nem vou mudar. Gosto da minha excentricidade, de calçar um sapato de cada cor e ir assim para a universidade. Gosto de ajudar as pessoas e sentir que sou importante para elas, gosto de me rir com toda a gente, gosto de brincar e dizer palavrões, gosto de disparatar a meio das conversas. Gosto de roubar um sorriso a um amigo um conhecido ou a um empregado de balcão. Gosto de andar a pé, gosto de ultrapassar dificuldades, subir serras e descer, respirar o ar denso vindo com cheiro a eucalipto. Gosto de caminhar à noite sozinho, apreciar o brilho cansado que surge periódicamente pelos raios emitidos de um poste de luz. Não, não sou chato! Pelo menos não vejo isso no sorriso das pessoas com quem falo que lidam comigo todos os dias. Sou diferente, como todos nós somos. Tenho sonhos e vou lutar por eles, como sempre o fiz. Tentei uma unica vez adaptar-me, tentei encaixar-me no mundo de alguém e fui tratado como um verme. Não vou deixar que isto se repita. Ninguém tem o direito de brincar com os sentimentos das outras pessoas. Nunca o fiz, nem nunca o farei. Estou no presente momento a respirar a luz que o sol insiste em trazer até mim e é por essa luz que me guiarei pelo resto dos meus dias.