2007/09/17

Fim de semana cansativo.

Este fim-de-semana foi um dos mais suados dos últimos tempos. Começou com uma sexta feira muito longa, às 7 já estava de pé, às 9 em ponto encontrava-me no departamento de matemática, o objectivo passava por escolher a tese de mestrado, dado ter faltado à reunião de quarta feira, por razões de força menor, vi a lista de opções já bastante reduzida, no entanto aquelas que me interessavam estavam ainda livres. Passei a manhã na biblioteca, alternando com algumas visitas ao departamento em busca dos docentes responsáveis, em vão. Não estavam nada disponíveis, para não se perder tudo aproveitei para ir fazendo umas pesquisas e adiantando uns trabalhos. Chegada a hora do meio-dia era tempo de atestar a marmita, melhor que a vontade de comer é a vontade de não passar fome, (profunda esta frase, não haja dúvida) com esta filosofia em mente, dirigi-me para a tão prestigiada cantina da Universidade de Aveiro (a velhinha) e aproveitei para manjar um prato de uma qualidade imensa e grandiosamente medíocre. O que a gente faz para não largar uns trocos, até somos capazes de comer em cantinas, cantina é mesmo coisa de pobre. Após o almoço dirigi-me ao centro de emprego para “resolver” uns assuntos pendentes. A parte mais interessante de dia foi sem dúvida a viagem de regresso para Amarante. Simplesmente impecável, foi das mais agradáveis de sempre. Basicamente resumiu-se ao seguinte:
1. Entrar no autocarro 2. Ligar o mp3 3. Fechar os Olhos 4. Abrir os olhos 5. Desligar o mp3 6. Sair do autocarro.
Simples não? A soneca soube tão bem! acreditem que não trocava este prazer por uma noite inteira na companhia da Jessica Alba (o mesmo não garanto se só contarem a viagem de Aveiro ao Porto, pah a carne é fraca). Chegado a casa foi tempo de convencer a minha mãe de que ainda me encontrava vivo e que, pelo que as últimas previsões da Maya apontam, eu ainda estou cá para chatear o pessoal mais algumas semanas. O resto do dia de sexta foi passado a dormir. Sábado? Sim outra correria. Levantei-me cedo e fui, já não o fazia há bastante tempo, com os meus pais ao quintal, tratar das galinhas, regar alfaces, arranjar mato seco prós pintainhos apanhar figos (eu participei essencialmente na parte em que estes se comiam) entre outras micro tarefas, no entanto o ponto alto da manhã passou pela brincadeira matemática que fiz com o meuo primo. Quem me conhece sabe muito bem que eu não sou nada apologista da “ciência decorada”, muito menos na parte da matemática. Isto vem ao propósito de quê? Perguntam vocês. Pois bem o puto tinha-me confessado saber já toda a tabuada. Como não tinha nada que fazer lembrei-me de por à prova os conhecimentos "taboadescos". O puto realmente sabia toda a lenga lenga, mas estranhei a maneira de raciocinar do puto. Vim mais tarde a descobrir que ele tinha decorado todas as multiplicações. A minha mãe disse-me que era normal, afirmou que nesta fase os putos tinham mesmo de decorar. Eu achei que não (como acho sempre). Comecei por lhe explicar a relação entre multiplicação e sucessivas somas, isto a princípio não entrou muito bem, o puto abanava com a cabeça a dizer que tinha entendido, mas eu reparei que ele estava na verdade a tentar-me despachar. Confesso que ainda fiquei mais frustrado. Pior que não entender é ter vergonha de não entender. A fase seguinte passou por mostrar ao moço que não saber era uma coisa perfeitamente normal e algo que ele não devia ter vergonha, esta foi a parte mais difícil, tive ainda de me fazer de burro para ele sentir que não havia problema nenhum em não saber o que quer que seja. Tentei fazer com que ele entendesse que a importância está no querer saber e não na quantidade de coisas que sabemos. Eu pensei inicialmente que ele não fosse ligar muito ao meu paleio, mas com o decorrer das perguntas e das piadas reparei me escutava realmente com bastante interesse, coisa que me agradou bastante. Depois de vista a multiplicação como uma sucessão de somas. Chegou a parte mais complicada, explicar o conceito de divisão (neste caso com o resultado sendo sempre um número natural). O ideal era o puto entender a relação inversa entre a multiplicação e a divisão, mas não tive tempo suficiente para chegar lá (acho que era capaz, mas precisava de mais exemplos) de qualquer das maneiras ele conseguiu entender a divisão a partir de um dos exemplos mais básicos (o problema de dividir um bolo em partes de maneira que um dado numero de pessoas ficasse com o mesmo numero de fatias). Tive que fazer vários exemplos porque a tendência dele era sempre decorar os passos em vez de os entender, eu compreendo que estava a exigir bastante mas a verdade é que ele se esforçou e conseguiu resolver os problemas, o que mais me deixou feliz foi o facto de ver interesse em pensar e a manifesta vontade que o jovem mostrou em não decorar. Não sei pedagogia e provavelmente devo ter cometido algumas infracções em alguns pontos essenciais desta ciência, de qualquer das maneiras o meu objectivo era simplesmente incutir no puto vontade e análise crítica, a capacidade de questionar o que quer que seja. Posso estar errado, mas é no que acredito. Há quem vá a Fátima porque acredita em milagres, santos e poderes sobrenaturais. Eu sou um bocado menos exigente, fico-me pelo tentar entender a maior parte dos conceitos e comportamentos que me rodeiam. Na minha cabeça isto faz sentido. Eu acredito neste ponto de vista e defendo-o sempre com bastante afinco, para não dizer obsessão, ou eufemísticamente, de uma maneira entusiasticamente exagerada. Acabo por ser um fanático da minha religião (a religião dos porquês. Não, esta religião não é patrocinada por aquele programa de rádio “qualquer_coisa dos porquês”), não deixando portanto de ter crenças como a generalidade das pessoas. Voltando à odisseia de fim de semana, o que se passou após este passear no campo consistiu numa visita ao mercado em S. Gonçalo. É sempre bom vermos montes de gente, reparar que se vendem bolos ao lado de galinhas e coelhos. Que se vendem óculos falsificados e reparar na cara mafiosa e entediante da maior parte dos comerciantes, digamos que é uma agradável maneira de passar o tempo, para quem o tem claro. A tarde foi passada dentro de um autocarro em direcção a Aveiro. Tinha um jantar de anos, da cara amiga Andreia. De presente dei-lhe uma joaninha de massagem, é pena ser a pilhas e não bateria de lítio, mas tirando isso pareceu-me um bom investimento. Paguei 10 euros pelo jantar mas valeu a pena, eu comi como um animal e acabei a digestão provavelmente à hora do lanche do dia seguinte. Houve somente uma parte que me preocupou durante o jantar, uma moça decidiu dar um presente à Andreia que também era proveniente da mesma loja, a Natura, eu quando vi o saco fiquei a pensar que a rapariga fosse para casa com um casal de joaninhas, mas felizmente a outra miúda deu-lhe uma outra bugiganga qualquer. O dia acabou às 2 da manhã. No domingo? Bem o dia começou cedo. Às 8 já estava a pé. A manhã foi passada numa viagem de bicicleta até à Vagueira. Andar de bicicleta é sempre rejuvenescedor. Desta vez tive o prazer de ver um desfile de motas, vi harleys antigas como tudo, umas pareciam mais bicicletas do tempo da Maria dos Tojos, outras pareciam tiradas dos filmes a preto e branco, mas a imagem geral era muito engraçada. Andei ao longo da praia da Vagueira e deliciei-me com o desfilar de miúdas "interessantes" que por ali paravam. Só tive pena de não levar máquina desta vez, se o tivesse feito este post iria ser muito mais interessante. A tarde foi um alternar de passeio e sesta, tivemos ainda uma viagem até à Stapples fomos lá comprar uma cadeira estilo barão da droga, eu aproveitei para ver os PCs e reparei na crescente qualidade dos produtos da acer, estão a vender um pc por 1300 euros que está simplesmente lindo, na minha modesta opinião claro, design idêntico ao do Sony Vaio e as componentes muito boas. A noite foi realmente bem mais interessante. Fomos à Sportzone, confesso que não estava inclinado para compras, mas acabei por investir numas sapatilhas que acho lindas (na verdade são a coisa mais banal), depois do momento consumista do dia, aproveitei para ir ver o “À prova de morte!” o último do Tarantino (ou Atarantado), o filme está brutal, vão ver.