2007/11/27

Igreja mãe de todos os pecadores!

Tenho imenso respeito à religião e fé de cada um. A vertente espiritual é algo que diz respeito a cada um, fé cada um toma a que quer. Se as pessoas acham que têm alguém à espera "do outro lado" assim que baterem a bota, pah isso entende-se. No mundo da metafísica cada um cria a lógica e os paradigmas que quer. Se vocês vêm a morte como uma passagem? Eu entendo. Se vocês vêm o termino da vida como a emancipação da alma sobre o corpo físico que a transporta, pah fixe. À parte todas estas questões filosófico existenciais, paralelamente a normas de conduta e valores morais temos a igreja e as suas fantasias! Se me perguntarem se concordo com os 10 mandamentos eu digo imediatamente que não. Se me perguntarem se os cumpro à regra, digo ainda mais rapidamente que não. Pelo menos com estes:
  • Adorar a Deus e amá-lo sobre todas as coisas.
  • Não invocar o Seu santo nome em vão.
  • Guardar os domingos e festas.
Serei uma alma perdida por causa disto? Oh, meu deus, que vai ser de mim. Não concordo com o primeiro mandamento porque nunca fui alienado por nada. Mas isto afinal é uma questão de fé? Ou isto é uma tirania? Não invocar o seu nome santo em vão? Que entendem por nome santo? E o que quer dizer vão? Se eu contar uma piada sobre cristo quando ao facto da impossibilidade de correr sobre o mar ser consequencia dos pés furados pelos pregos da cruz. Isto não é invocar o nome santo em vão, há uma boa razão que subjaz este chamamento. Gente uma piada sobre as capacidades ou falta delas de cristo ou deus não deixa de ser uma piada. E se deus existe não acham que ele tem o sentido de humor suficiente para entender que se trata de uma piada? Mais, afinal de contas não é ele o omnipresente e omnipotente? Então nesse caso ele sabe que se trata de uma piada e sabe consequêntemente que as intenções são de puro divertimento. E divertimento não é alegria? Deus não quer que sejamos alegres e felizes? Mais, é um divertimento que não fere ninguém a não ser aqueles sem sentido de humor, portanto cristo, deus e as restantes entidades divinas, não se importarão concerteza destes meus acessos de palhaçada.
Agora que confessei a ninha crença no humor divino deixem-me explicar-vos porque me mete nojo a igreja. Ora pois bem, no passado fim de semana tive o enorme prazer de participar no tradicional ritual de baptismo e tornei-me consequêntemente num alegre padrinho de uma jovem miuda. Até aqui tudo bem, eu acho que a água faz bem à saude e sendo ela santa ou não, lavar a cabeça é sempre bom. Mas há realmente coisas que me custam um bocado a entender. Por exemplo não entendo qual foi a ideia do padreca lá da zona em virar-se para a minha irmã e dizer-lhe directamente "ah és tu quem corta carne humana?". Eu à primeira olhei para a minha irmã com ar de visivel reprovação e ainda pensei em força-la a confessar todos os crimes que cometera, comecei de imediato a imaginar cadavers no guarda vestidos e a minha irma de cutelo na mão. Mas passado cerca de 1 segundo e 30 centésimos do mesmo reparei que esta ave rara estava a referir-se à área de estudo da minha idolatrada mana. Para quem não sabe a minha querida consanguínea estuda Anatomia patológica tanatológica e citologica. Nome horrível, sendo o curso ainda mais intragável. A minha irmã reagiu de uma maneira muito pouco tradicional, saindo-se com um: "Pois é, tem que ser..." ou algo parecido (se não foi isto que disseste cara mana não me julgues, a verdade é que foi algo merdoso como isto). Eu fiquei com ar de burro a olhar para um atrasado vestido de branco, imaginei de imediato o padre vestido de branco, e a batina a transformar-se numa camisa de forças enquanto mantinha o meu sorriso amarelo e os dentes semicerrados palmilhava pelo mundo da imaginação, concebia um dos mais macabros atentados contra um empregado de cristo (note-se que aqui a entidade patornal (deus e companhia) nada tem a ver com o mau profissionalismo deste triste padreca) . Imaginava o padre a espichar sangue pelo pescoço enquanto eu lhe cortava a traqueia com uma cruz de cristo. A vontade que me deu de gritar "FODA-SE LÁ O FILHO DA PUTA" foi qualquer coisa de intensa. O ritual lá continuou e depois de uma tentativa falhada em constipar a pobre miuda veio a parte em que pais e tios tinham de assinar um livrinho merdoso qualquer, parecido com aqueles que os putos da primaria escrevem o sumário. Aqui deu-se algo de muito triste. O padre numa das muitas deambulações pelo mundo da conversa sem interesse, sai-se com a seguinte infelizmencia:
Ainda na semana passada baptizei uma criança
da idade desta menina, chamava-se Diogo...
O pai é criminoso e está na prisão...

As "..." querem dizer que o que iria ser dito a seguir não interessa aos cães do lixo. Meus amigos, o que é que me interessa a vida do pai do Diogo? Mais, que me interessa a mim saber que o gajo foi para a prisão porque fez isto e aquilo? A pergunta que faço é? Ó padreca de merda também vais dizer ao resto das pessoas que a minha irmã corta carne humana? Eu tenho muito respeito em relação à fé e à componente religiosa que se encontra presente de uma forma bastante marcada na personalidade da minha idolatrada mãe, no entanto nunca mais me apanham numa merda destas. Ter de aturar padres que a única coisa que fazem é espalhar a calúnia e o incentivo pelas conversas da Maria? Ir a rituais onde as palavras perdem todo o seu sentido por serem lidas de uma forma mecânica onde não se sentem, não se analizam e não se explica a sua existência e valor. Não entendo isto nem muitas coisas mais. Não entendo porque se tentam convencer as pessoas a aderir ao sistema católico não pelos postulados e valores morais, mas porque, e passo a citar as palavras sábias desta enormidade paroquial:

vocês devem-se baptizar e arrependerem-se dos seus pecados
porque no dia do juizo final vocês serão julgados por isso...

Parece-me muito interessante. Mas ficam muito escandalizados se eu disser que acho isto tudo uma valente merda? Ficam muito ofendidos se eu disser que isto é a maior banha da cobra vendida em todo o sempre? Recapitulemos. Em primeiro lugar eu duvido que deus, cristo e companhia queiram gente ignorante, gente que simplesmente se arrepende do que faz sem sequer se questionar se se deve ou não arrepender do que quer que seja! Vejo deus como um professor catedrático de historia e filosofia, como um velhinho tipo pai natal cheio de coerência razoabilidade e bom senso. E dentro daquilo que eu defino como bom senso não se enquadra de forma alguma o porque sim! O porque eu digo. O porque alguém disse e devemos todos abanar com a puta da cabeça em sinal de obdiência cega. Se querem que eu acredite em alguma coisa para isso têm de me fazer sentir que isso, em primeiro lugar, faz sentido. Para mim faz sentido o bem e o mal. Faz sentido o querer ajudar o próximo. Faz sentido o tentar fazer o mundo melhor a partir das merdinhas insignificantes que fazemos no nosso quotidiano. O que não faz sentido nenhum é acreditar num juiz e correspondentes advogados de defesa com um bloquinho de notas a acusar-me de tudo o que eu tenha feito ou não durante a minha medíocre existência de vida. Isto não faz sentido por duas razões. Em primeiro lugar deus é um fixolas e tem o bom senso suficiente para reparar que a gente no dia em que morre não se sente nada bem e portanto antes de nos vir julgar deus e os seus comparças convidam-nos a uns passeios pelo éden. Depois deus sabe que este negócio da religião ultimamente não tem dado muito lucro porque com o aparecimento da internet as biblias agora encontram-se todas em pdf e as missas tem vindo a ser feitas em videoconferências via web. Voltando à argumentação clássica. Como é que se pode ter a lata de deturpar todo o propósito da vida de cristo e usar argumentos de uma natureza tão falaciosa como esta!? Vou ser julgado pelos meus pecados? Quem disse? E quando é o julgamento? Com quem? A juiza é boa? Meus amigos eu tenho fé. A minha fé. Eu não acredito que nos devamos arrepender do que quer que seja, até porque se queremos ser honestos, mais de 50% dos "pecados" que a gente comete acaba por repeti-los vezes sem conta. A gente deve aprender com eles, medir as suas consequências e ponderar constantemente a nossa conduta. E eu digo que deve, não porque sim ou porque não, porque acredito que esta seja a única e verdadeira forma de fazer esta merda de mundo um antro mais suportavel para viver. Eu pergunto. Meu padre filho da puta tu ponderas a tua atitude? Que merda é essa de falar mal do pai do diogo? Ele já não foi julgado pelos seus crimes? Tentaste tu passar alguma lição de vida, algum valor moral quando confidenciaste a vida daquela família? Que merda é esta afinal? Que valores morais espalhas tu? Que autoridade moral tens tu para incentivar as pessoas ao acto da confissão!? Confessarem o que? Se eu quizer falar com o chefe da empresa (Deus) mando email directo à entidade patornal, não me dirijo a serviçais da piça! Eu não ia à igreja há uns valentes anos e ao que me parece a próxima vez que o fizer vou ja ter barbas brancas. Se calhar devo temer a linguagem que pratiquei aqui neste meu cantinho, mas como o meu deus é natural de Amarante eu sei que ele vai entender esta minha mensagem como ela deve ser entendida!