2008/05/25

Um sonho de sigilo...


Tudo começa com o final, o acabar do dia. Somos suavemente remetidos para o nosso canto de onde apreciamos relaxadamente o crepúsculo efémero. De uma forma negligente combatemos o sono com caretas estranhas e um rebolar preguiçoso sobre os panos da cama. Um sonho pensei eu. Gostaria esta noite de ter um sonho, algo só meu que pudesse acariciar de mil formas diferentes e que em cada toque sentisse um derradeiro e apelativo êxtase de vida. Este sigilo começa com um sinal de turbulência, um descolar de avião, o bilhete aponta como partida o Planeta Terra sendo o local de chegada o Mundo dos Sonhos. Tempo de viagem? Curioso não tem. É um cheque em branco cujo dinheiro se transforma em segundos palpitantes de vida. Como gostava de ter um banco destes. Será que as acções seriam transformadas em pequenos mundos do fantástico dos sonhos? Não sei. Na verdade não quero saber. Estou mais interessado em conhecer o destino desta minha viagem, o facto de não ter sido estabelecida uma hora faz com que nasça em mim uma vontade maior em viver. Afinal de contas o próximo segundo pode ser já de desembarque e eu não quero que seja Natal tão cedo. Se eu pudesse comandar os meus próprios sonhos não teria metade da piada. Seria sempre uma viagem programada, com felicidade e diversão garantida. Esta viagem em que embarco tem ventos e tempestades, tem doenças, picadelas de mosquito, vacinas que martirizam as grossas e ávidas veias que me sustentam. Este sonho de sigilo é belo pela adversidade, pela dureza ultrapassada. Contém um ingrediente essencial à vida, o engrandecimento de quem sonha vindo da ultrapassagem de micro obstáculos que se apresentam. O sonho é sempre diferente cada vez que roubo o sossego à almofada adormecida na cama. Houve quem dissesse que o mundo pula, avança sempre que um homem sonha. Não sei se pula ou avança. Sei que me sinto uma criança. Com uma dinâmica superior, enrolado em ideias e ideais. Em fantasias de mil cores, cenários imortais. Sou feliz neste segredo, neste pânico assossegado. Neste sonho de sigilo...