-Balhau vais uma semana pra madeira!
-Bem se tem que ser, tem que ser!
Pois é uma semana aqui Funchal, a monitorizar o evento Pmate nas escolas secundárias. A minha única função é muito simples, consiste unicamente em apagar ou recuperar provas efectuadas, tarefa esta que se faz a partir de uma interface web muito simples. Vocês perguntam, e é só isso? Para muita "pena" minha, sim! Ah e só trabalho numa parte do dia, ou na parte da manhã, ou na de tarde, o que acaba por exigir um esforço extra da minha parte.
Já que falo no conceito estar em Funchal, aproveito também para falar um pouco sobre a minha vinda de avião, que por acaso foi a primeira. É triste, é preciso chegar aos 24 anos para, pela primeira vez, sair de Portugal e andar de avião, digamos que foi uma dupla desfloração. A malta, com quem estou a trabalhar aqui na Madeira. Tudo malta porreira. Duas miudas
(uma até já tem uma filha e tal) muito simpáticas e giras quanto baste, uma tem uns olhos que até parecem uns semáforos, os dois gajos são muito conversadores e dados à piada, um deles é de Celorico de Basto e outro de Braga. Qual é a probabilidade de vir encontrar na Madeira, no mesmo grupo de trabalho, dois gajos de origens comuns e de sotaque idêntico? Na verdade nenhum deles é madêrênse, falam todos com a boca bem aberta. Até agora o único senão tem sido mesmo o tempo, que para além de não permitir boas imagens fotográficas me tem impedido de sair de casa. Em termos de cidade o Funchal é aquilo a que eu chamo uma cidade normal, com o número normal de pessoas na rua por metro quadrado, com o número normal de densidade habitacional, no entanto a arquitectura da cidade é estranhamente diferente, digo estranhamente porque não consigo catalogar ou identificar qualquer tipo de estilo por outro lado são visíveis as diferenças presentes na estrutura dos edifícios. Ah devo dizer que um dos edifícios da Universidade da Madeira também está muito elegante. Infelizmente como passei a correr, numa tentativa falhada de fugir da chuva, não tive oportunidade de ver aquilo decentemente. Lembrei-me agora de um ponto interessante. Houve algum senhor, nalguma altura da história do Funchal que decidiu dar nomes deprimentes às ruas, temos por exemplo a rua das dificuldades
que quase cruza com a rua dos arrependidos,
eu confesso que ainda procurei o lugar do maniaco-depressivo e o parque aquele que chora, mas... em vão, provavelmente o senhor deixou a parte melancólica da vida dele e decidiu por fim a esta nomenclatura triste, talvez até foi ele o mentor da festa da flor, quem sabe? Ah ia-me esquecendo de uma parte importantíssima, as ruas! Quem vier para o Funchal tem que trazer, para além de guarda chuva, equipamento de escalada, porque os caminhos aqui ou são a subir muito ou então são quase verticais. Caso venham fazer uma visita à cidade (eu estou a gostar, e a vista aérea é muito bonita à noite) tentem ouvir um nativo da Madeira anunciar algo em inglês, depois digam-me o que acham. Ah... e já comprei o bolo de mel, e poncha para oferecer à famelga.
2008/04/14
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