2008/09/29

Cá estamos nós...

Deslizamos como sombras escuras num gradiente harmonioso de simpáticos cinzas. Eu e tu. Tão diferentes heterogéneos, eléctricos e angustiados quando longe, calmos mas determinados quando perto. Somos particulas perdidas num universo de antimatéria, uma felicidade cumplice que teima em dizer não aos pontuais obstaculos da vida. Somos o branco e preto, a água e a terra, na verdade não somos nada num terceiro ponto fora da nossa esfera prometida. A alegria é uma invariante, tão segura e extasiante que chega a estranhar um pouco. Tu serenas-me, deixas-me um trago a chocolate. Eu sou o teu vinho do porto na nossa quotidiana ceia natalícia. Que peripécia, que delícia. Os teus cabelos são um enrolar de calmaria, a voz singela do inevitável, voo, estridente cantoria. Por ti quase me perdia? Quem não se perdia!? Mas tu estás lá sempre para viajar no desnorte comigo! Divagas no desconhecido agarrada a mim, de mão expectante, mente aberta e sorriso inquietante. Nas dunas do meu pensar estás sempre presente. Ocupas o mais ínfimo espaço deixado em aberto na aleatoriedade do dia. Cá estamos nós. Tu e eu, um duplo de nada uma singularidade que resume tudo. Gaivotas sobrevoam e presenteiam-nos sombra, respondemos com um beijo solene, um fugaz ímpeto de vontade, mais uma vez aleatoriedade. Incerteza que me apaixona, tão diversa, completa. Hino épico que me preenche, incentiva, me transforma toda a potencial vivacidade numa estranha cinética euforia… Flamejas os meus mais tépidos pensamentos. O que outrora era escuro, estranho, confuso transformou-se com o passar do tempo num esvoaçar de saudade um sabor a pimenta sob o meigo sabor de um intenso refogado de emoções… Cá estou eu, cá estás tu.. Cá estamos nós…