2008/06/13

"Gigolô das Palavras"


"Um escritor que passasse a respeitar a intimidade gramatical das suas palavras seria tão ineficiente quanto um gigolô que se apaixonasse pelo seu plantel. Acabaria tratando-as com a deferência de um namorado ou com a tediosa formalidade de um marido. A palavra seria sua patroa! Com que cuidados, com que temores e obséquios ele consentiria em sair com elas em público, alvo da impiedosa atenção de lexicógrafos, etimologistas e colegas. Acabaria impotente, incapaz de uma conjunção. A Gramática precisa apanhar todos os dias para saber quem é que manda."

Luiz Fernando Verissimo

2 comentários:

Unknown disse...

O escritor é, no fundo, como um escultor, tem de cinzelar, fundir e moldar a matéria prima. -Neste sentido, as palavras têm de ser trabalhadas duramente e exploradas até à exaustão. O escritor tem, assim, a honra de criar novas palavras e novos sentidos.

Catsone disse...

Este senhor é um génio!