2008/04/02

Garrafa de água...

Muitos casais andam de mãos dadas. A maior parte das pessoas acha romântico, mas as suas personalidades ricas em pragmatismo e tendentes para o confortável dizem constantemente não a este cenário. É simplesmente incómodo e eles não eram propriamente um casal. Juntos formavam uma estranha simbiose, um sopro marujado de alegria. Ela sorri muitas vezes do nada, ele mergulha frequentemente numa surda melancolia, ela ri-se dele, da sua figura idiota quando deixa cair o sorriso do rosto dando lugar ao pesado ar de contemplação. Ele sente-se despido, sente o vento percorrer-lhe as entranhas, o pelo levanta em sinal de alerta e ele sente-se como que atravessado por um raio invisível e inofensivo que só existe para o alertar do que lhe vai dentro da caixa cardíaca. Sente o sangue, a pulsação e o declamar sôfrego do pensamento. A imaginação é, na maior parte das vezes o seu maior escape. Tem uma facilidade fantástica em criar pequenos mundos, preenchidos de minúsculos corpos brilhantes que enaltecem o brilhar da noite. Ela é atrevida, eufeministicamente diria que é uma melga barulhenta, na realidade é muito mais do que isso. Tem dias em que é uma autêntica abelha. Mas é autêntica. Não se importa em ser chata, nem desagradável. Ele gosta, admira a veracidade no olhar. Ele olha sempre nos olhos e vê o seu reflexo estampado na claridade das finas tiras claras que constituem a zona cilíndrica ocular. A imagem devolvida é de uma definição que tem tanto de assustador, como de meiga. Ele não sabe muito bem o que fazer, a única coisa que lhe devolve um pouco de concentração é a garrafa de água que segura na mão enquanto a sua alma sua...

3 comentários:

Catsone disse...

Descreveste um pouco da minha vida...;)

Balhau disse...

Foi a pensar em ti catso... Sou um gajo que faz posts a pensar no seu publico...
LOLOL!
Abraço!

Maresia disse...

Gostei muito!