2006/10/26
Mudei de casa
http://balhau.kicks-ass.org/balhau_blog/
Aqueles que estiverem fartos de mim, podem simplesmente esperar o comboio deitados na linha...
Eu aconselho o Alpha... É uma morte menos dolorosa...
2006/10/12
Saudades de ti…
Saudades de sentir calor,
Do tempo em que me via em ti
Saudades desse tremor,
Daquele imenso amor
Que me fundia em ti
Saudades de ser amado
Ser compreendido, por ti
Sinto falta desse cenário
Sinto falta de ti
Saudades de te agarrar
De me sentir em ti
Saudades daquela alegria
Que transportava, em ti
A imensa fantasia
Que me ligava, a ti
Mundo, quimérico o meu
Por acreditar, em ti
No amor teu…
2006/10/07
2006/10/01
Francisco...
Tinha somente 12 anos, o pequeno Francisco. Revelava em cada acto seu uma maturidade de um adulto, todo ele era criatividade, todo ele era um sonho, um sonho de criança… Fazia da vida um jogo. Fazia perguntas a si mesmo, e passava o tempo a tentar obter respostas para as mesmas que se tinha proposto resolver. Formulava questões cuja resposta era, após alguns minutos de reflexão, relativamente trivial; formulava também perguntas para as quais passava imenso tempo à procura da resposta e ainda algumas que nunca chegou a encontrar solução. Francisco tinha um tio que admirava muito, chamava-se António, era escritor. António formara-se em advocacia era uma personagem taciturna por natureza. Era daquelas pessoas sombrias, com um semblante profundamente pesado, tinha apenas 45 anos e uma aparência de 60, falava com voz pesada, pausadamente. Dava a sensação que passara a vida inteira dentro de uma prisão invisível o sorriso nunca se ouviu falar. No entanto António era uma excelsa pessoa, responsável, inteligente consciente e amigo do próximo… Conhecendo o tio como pessoa Francisco não entende a tristeza que António carrega e dirige-se perguntando
--Tio… Tu tens amigos??
--Sim tenho… Tenho-te a ti Francisco…
--Pois… Mas e sem ser eu? Não gostas de pessoas??
--Gosto Francisco… Porque perguntas isso??
--Andas sempre triste… Nunca te ris.. Não gostas de viver??
Pela primeira vez
--Gosto de viver… Mas não gosto de ver a vida da generalidade das pessoas… sabias, Francisco, que a maior parte das pessoas não tem sequer dinheiro para uma alimentação decente??
-- Não.. Não sabia.. Mas porque?? Se não tem dinheiro vão trabalhar…
António sorri pela segunda vez…
-- E se eu te disser que as pessoas de que te falo não tem essa possibilidade como te sentes? Feliz e com vontade de rir??
--Não…
--E se eu te disser que aquelas pessoas com quem convivo diariamente são totalmente insensíveis aos problemas de que te falo… Sabendo tu isto que te apetece fazer?? Rir??
Pela primeira vez em muito tempo Francisco adopta uma expressão pesada, incrédula… Sente que o mundo fantástico que imaginava viver afinal não é bem aquele que corresponde à realidade…
--Não… Mas porque é que as pessoas não acabam com todos esses problemas…
--Muitos porque se convenceram de que não vale a pena, outros porque a miséria de muitos garante a vida de luxúria em que vivem… Outros… Bem os outros não pensam em mais nada a não ser neles…
--Então e tu o que fazes pelos outros??
--O que eu faço pelos outros consiste naquilo que eu não faço…
--Ah? Como assim??
--É exactamente isso… No meu trabalho os melhores clientes são, em sua grande parte, pessoas cuja vida representa tudo aquilo que eu luto contra… Se esses fossem meus clientes eu sabia que estava a defender uma causa errada estaria a contribuir para a inocência de um corrupto assassino ou ladrão… Não o faço… Não ganho rios de dinheiro como aqueles colegas de trabalho… Não sou reconhecido… Não sou admirado na alta sociedade… E sabes porquê?? Porque faço aquilo que acredito penso ser o melhor para todos… Porque na verdade eu só faço o melhor para mim quando os outros, na pior das hipóteses não são penalizados…
--Ah e isso é como tu ajudas os outros??
--Sim… As pessoas tem a ideia errada de quem faz doações, é uma pessoa que ajuda os demais… Pois bem isso está errado…
--Como?
--Imagina o seguinte cenário… Uma empresa cheia de dinheiro pretende que eu os defenda em tribunal contra um conjunto de operários… Se eu conseguir ganhar o caso em questão, os operários são despedidos… Dezenas de famílias ficarão no desemprego… Se eu não o ajudar estou a contribuir para que ele perca e para que as famílias continuem o seu trabalho ou pelo menos que sejam devidamente indemnizadas… No primeiro caso eu seria chorudamente recompensado, teria dinheiro suficiente para depois, fazer uma doação às famílias, mesmo oferecendo todo o dinheiro recebido não iria ajudar em nada a situação financeira dos pobres operários… No segundo caso, optando por defender a causa dos operários eu não iria obter grandes lucros se é que iria obter alguns, no entanto as dezenas de pessoas iriam ter aquilo que merecem por direito…
-- Ah já entendo porque és triste tio…
--Pequeno Francisco não fiques triste… Tu és muito jovem para te preocupares com isto… Mas lembra-te de uma coisa… Se durante a tua vida não puderes ajudar ninguém certifica-te pelo menos que não os prejudicas… Lembra-te que ajudar os homens não é, em geral, ajudar a humanidade…
--Ok tio…
Francisco desatou a correr para o quarto… Francisco chorou como já não o fazia há anos…