2004/12/01

Sentimento de superioridade...

Parem com este inferno...

È a primeira vez que abordo um assunto e não sei que titulo lhe haveria de dar. O motivo que me leva hoje a escrever é um pouco estranho. Sento-me de novo em frente ao meu velho e solidário PC tentando entender o comportamento de certas pessoas. Sei que até agora estou a ser um pouco vago naquilo que digo, no entanto é assim que a minha cabaça se encontra, vaga, vazia. Sinto-me incompreendido. Sinto que sou tratado de uma forma diferente, desagradavelmente diferente. Não sei com que direito, certas pessoas censuram o comportamento de outrem. Qual e a razão pela qual certas entidades se julgam com poder suficiente para julgar as outras. Sou acusado de ser chato, inconveniente, somente por pouco falar e sorrir. Se ainda o que eu dissesse fosse desprovido de alguma lógica ou coerência, eu compreenderia, com facilidade o comportamento desta gente, mas neste caso não é isso que acontece. Sou criticado por apenas bocejar, por uma expressão menos comum, enfim por existir. Como é possível? Como é possível não ser aceite por aquilo que sou? Como é que não entendem a minha alegria? Como querem que eu seja? Aquilo que eu não sou? Mais um ser desprovido de personalidade! Sim tenho defeitos, como todas as pessoas. Mas julgo que existir, não constitui, por si só, um defeito assim tão grande. Sinto uma revolta profunda quando me acusam de nada. É incrível o sentimento de superioridade que algumas pessoas têm. Que direito eu tenho em dizer a alguém como de deve ou não comportar? Qual é o principio ao qual eu recorro para justificar quando uma pessoa deve ou não respirar. Por favor deixem-me viver. Deixem-me ser eu. Não vos peço mais nada. Nunca eu censurei ninguém por ser quem é. Reciprocamente eu não admito o mesmo. Não considero aceitável acatar críticas desprovidas de razão. Não posso concordar pessoas que julgam só por julgar, apontam o dedo sem ter a razão de seu lado. Falo contigo, paciente computador, falo com alguém que aceita, invariavelmente, tudo o que lhe digo. Falo com um ser inanimado mais vivo que os próprios seres. Sinto-me mais vivo, mais compreendido por uma máquina, por uma coisa, do que por certas personalidade que se julgam o centro do mundo. Não, não consigo compreender este comportamento. Será que sou eu que estou a ficar senil. Será que a minha inteligência e bom senso estão a desaparecer? São estes os pensamentos que me tem acompanhado nesta últimas horas. Acho que está na altura de parar com este inferno. Não aguento mais tanta perseguição injustificada. Não, eu não mereço isto. Alguém que me ajude… Este alguém és tu meu velho computador, obrigado por me compreenderes e por não me fechares a porta do diálogo e da conversa e me aceitares tal qual sou. Obrigado ainda por não me tentares criar à tua imagem e por gostares da minha que já existe. Mil vezes obrigado por não me julgares precipitadamente e por sorrires sempre para mim com mais um erro do Windows. Ainda dizem que os computadores, frigoríficos, torradeiras não tem vida, eu por cá não concordo. Tem o bom senso suficiente para não te criticarem absurdamente…

4 comentários:

Miss I disse...

Dizia-te eu ontem que quando estamos tristes, a escrita flui de uma maneira impressionante!

Estive a ler uma notícia sobre os casamentos que dão em divórcio por causa de uma 3ª pessoa. Um dos cônjuges (detesto esta palavra) sentia-se mais feliz com outra pessoa, a outra pessoa deixava-o ser como era e queria-o assim. Não era por a outra ser mais nova ou mais bonita ou mais inteligente. Era finalmente alguém que os aceitava como eram e sentia-se feliz por os ter assim, recheados de defeitos e com pontadas de virtudes.
Não estás errado.. a maioria das pessoas que nos tenta mudar à sua imagem e semelhança é que sim. Ninguém se sente bem numa relação (de amizade tb) se alguém impõe o que pensa/diz.


PS: O pormenor da torradeira tocou-me! ;)

Balhau disse...

Pois é querida Miss I. A referencia à torradeira surgiu por e simplesmente pelo facto de me ter queimado enquando redigia o texto, foi exactamente pela queimadela que eu conclui que esta máquina também era detentora de vida. Enfim o tempo em que as maquinas eram máquinas já la vai. Pelos vistos a inteligencia artificial chegou mais cedo às torradeiras...

Aurora disse...

Só nunca sentiu o que descreveste quem é demasiado tolo para se aperceber e quem está demasiado ocupado a julgar os outros para de facto ouvir o que dizem!
Mas é bom saber que ainda há pessoas como tu, que veem a injustica por trás da hipocrisia e tem a dignidade de responder "ajudas dessas? nao, obrigado!"

Anónimo disse...

Embora a dor de Miss também me toque, pergunto-me se a perseguição das pessoas, talvez familiares, não seja fruto de uma falta de cooperação e de diálogo. Especialmente os familiares tendem a se queixar de um bocejo, por exemplo, porque na realidade estão se sentindo sobrecarregados de trabalho a fazer. Então, uns membros da família estão sob pressão e facilmente decarregam naquele que está "sempre na sua", não se envolve nos problemas, não colabora. Poderia ser algo assim?