2008/07/15

Sonar

É mais ou menos como um eco. Uma espécie de voz chata que teima em não parar de incomodar. Na maior parte das vezes é simples. Uma transparência completa entre o fora e o dentro do invólucro que a define. É elegante, tem uma cinta torneada e definida. Gosta de andar de bicicleta, de jogar voleibol, já disse que gosta de chatear? Na maior parte das vezes não lhe ligo nenhuma atenção. A maior parte das vezes encontro-me preenchido com pequenas trivialidades que me desviam o foco de análise, mas quando me cruzo com ela não posso deixar de usufruir do momento. São tão raros nos dias que correm. A vulgaridade de certos momentos, aliados à rotina de uns tantos outros, entorpecem esta bela capacidade de gozar os momentos parvos. São os mais belos na verdade, nem por isso os menos frequentes. Durante o dia sou capaz de contar milhares de ondas cómicas no teatro do dia. Às vezes imagino-me como um sonar, muito pequenino, outras vezes vejo-me como uma grande antena com vontade voraz de receber toda e qualquer manifestação sonora. Gosto de me deixar elevar no mundo dos sons. A vida toma uma diferente musicalidade, uma onda cheia de cristais, vaga que nos enche de um conforto especial. Neste preciso momento já me cansei da musicalidade enfatizante deste meu baço teclado. Vou até lá fora à procura de novas viagens.