2010/08/01

Diálogo com Laura

I was pecking at my word processor when twelve-year-old Laura came over.
L: What are you doing?
R: It's philosophy of mathematics.
L: What's that about?
Rj What's the biggest number?
L: There isn't any!
R: Why not?
L: There just isn't! How could there be?
R: Very good. Then how many numbers must there be?
L: Infinite many, I guess.
R: Yes. And where are they all?
L: Where?
R: That's right. Where?
L: I don't know. Nowhere. In people's heads, I guess.
R: How many numbers are in your head, do you suppose?
L: I think a few million billion trillion.
R: Then maybe everybody has a few million billion trillion or so?
L: Probably they do.
R: How many people could there be living on this planet right now?
L: Don't know. Probably billions.
R: Right. Less than ten billion, would you say?
L: Okay.
R: If each one has a million billion trillion numbers or less in her head, we can
count up all their numbers by multiplying ten billion times a million billion tril-
lion. Is that right?
L: Sounds right to me.
R: Would that number be infinite?
L: Would be pretty close.
R: Then it would be the largest number, wouldn't it?
L: Wait a minute. You just asked me that, and I said there couldn't be a
largest number!
R: So there actually has to be a number bigger than the biggest number in
anybody's head?
L: Right.
R: Where is that number, if not in anybody's head?
L: Maybe it's how many grains of sand in the whole universe.
R: No. The smallest things in the universe are supposed to be electrons.
Much smaller than grains of sand. Cosmologists say the number of electrons in
the universe is less than a 1 with 23* zeroes after it. Now, ten billion times a mil-
lion billion trillion is a 1 with
1 + 9 + 6 + 9 + 12
zeroes after it. That's a 1 with 37 zeroes after it, which is a hundred trillion times
as much as a one with 23 zeroes it, which is more than the number of elemen-
tary particles in the universe, according to cosmologists.
L: Cosmologists are people who figure out stuff about the cosmos?
R: Right.
L: Awesome!
R: So there are way more numbers than there are elementary particles in the
whole cosmos.
L: Pretty weird!
R: Never mind "where." Let's talk about "when." How long do you suppose
numbers have been around?
L: A real long time.
R: Have they told you in school about the Big Bang?
L: I heard about it. It was like fifteen billion years ago. When the cosmos began.
R: Do you think there were numbers at the time of the big bang?
L: Yes, I think so. Just to count what was going on, you know.
R: And before that? Were there any numbers before the Big Bang? Even little
ones, like 1, 2, 3?
L: Numbers before there was a universe?
R: What do you think?
L: Seems like there couldn't be anything before there was anything, you
know what I mean? Yet it seems like there should always be numbers, even if
there isn't a universe.
BJ Take that number you just came up with, 1 with 37 zeroes after it, and call
it a name, any name.
L: How about 'gazillion'?
BJ Good. Can you imagine a gazillion of anything?
L: Heck no.
BJ Could you or anyone you know ever count that high?
L: No. I bet a computer could.
R: No. The earth and the sun will vanish before the fastest computer ever
built could count that high.
L: Wow!
BJ NOW, what is a gazillion and a gazillion?
L: Two gazillion. How easy!
BJ HOW do you know?
L: Because one anything and another anything is two anything, no matter what.
BJ HOW about one little mousie and one fierce tomcat? Or one female rabbit
and one male rabbit?
L: You're kidding! That's not math, that's biology.
BJ YOU never saw a gazillion or anything near it. How do
you know gazillions aren't like rabbits?
L: Numbers can't be like rabbits.
BJ If I take a gazillion and add one, what do I get?
L: A gazillion and one, just like a thousand and one or a million and one.
BJ Could there be some other number between a gazillion and a gazillion and
one?
L: No, because a gazillion and one is the next number after a gazillion.
R: But how do you know when you get up that high the numbers don't
crowd together and sneak in between each other?
L: They can't, they've got to go in steps, one step at a time.
R: But how do you know what they do way far out where
you've never been?
L: Come on, you've got to be joking.
R Maybe. What color is this pencil?
L: Blue.
R: Sure?
L: Sure I'm sure.
R: Maybe the light out here is peculiar and makes colors look wrong? Maybe
in a different light you'd see a different color?
L: I don't think so.
R No, you don't. But are you absolutely sure it's absolutely impossible?
L: No, not absolutely, I guess.
R You've heard of being color blind, haven't you?
L: Yes, I have.
R: Could it be possible for a person to get some eye disease and become color
blind without knowing it?
L: I don't know. Maybe it could be possible.
R: Could that person think this pencil was blue, when actually it's orange,
because they had become color blind without knowing it?
L: Maybe they could. What of it? Who cares?
R: You see a blue pencil, but you aren't 100% sure it's really blue, only almost
sure. Right?
L: Sure. Right.
R: Now, how about a gazillion and a gazillion equals two gazillion? Are you
absolutely sure of that?
L: Yes I am.
R: No way that could be wrong?
L: No way.
R: You've never seen a gazillion. Yet you're more sure about gazillions than
you are about pencils that you can see and touch and taste and smell. How do
you get to know so much about gazillions?
L: Is that philosophy of mathematics?
R: That's the beginning of it.

Retirado de:
What is Mathematics Really?
Reuben Hersh

2010/03/16

Luar

Passa normalmente despercebido. A grande percentagem de gente, aqueles bichinhos bípedes com aspecto erecto, que habita a mágica esfera a que usualmente damos o nome de planeta terra vive num mundo só seu. O ser humano é, desde cedo, sensibilizado para a importância, da necessidade e do prazer que existe na interacção com a natureza. É no entanto curioso que, é igualmente prematura a vontade em se isolar, esquecer o mundo que o rodeia e criar uma virtualização de uma realidade inexistente. O luar. O luar, por exemplo, é algo que todos os dias nos visita e que raramente é cumprimentado. Quantas vezes olharam para o céu e o interpelaram?
-Olá luar como estás?
-Um pouco doente - volta ele soluçando - actualmente ninguém me dá uma palavra de apreço, ninguém quer saber de mim ou daquilo que eu represento. Fico aqui, como uma bola sem rumo a girar como um pião sem saber para que lado cair.
-Pois é deprimente... Antigamente ainda tinhas os gregos que passavam o dia a tentar descobrir se era o sol que girava ou a terra. Nessa altura eras feliz?
-Muito. Apesar das guerras e do sofrimento generalizado do povo havia sempre companhia. É certo que grande parte deles se dirigia a mim para me pedir favores, mas a verdade é que nessa
altura eu existia.
-Agora não existes?
-Não. O Luar só existe a partir do momento em que olham para mim com olhos de querer ver. Muito em semelhança do que se passa com Deus eu só existo pela capacidade que vocês têm em notar a minha presença.
-Sentes-te só?
-Tem dias...
-Há algum dia que te sintas acompanhado? Sim, esses dias são também extremamente infelizes.
-Infelizes? Como assim?
-No dia dos namorados, por exemplo, os namorados costumam-se sentar junto à praia a olhar para mim, é profundamente deprimente. Olham para mim a pensar um no outro.. e fazem isto aos milhões. É como que ter uma plateia de gente a olhar para a tela de cinema que está um metro atrás de ti.
-E como sobrevives tu?
-À custa de lembranças.. Tenho uma idade que vai muito para além dos três dígitos com que tu representas o ano. Já vivi tanto e assisti a tanta coisa que acabo por ver no futuro o espelho do passado. Muito do que se passa agora é um polimorfismo de algo que se passou há anos atrás. O mundo e as pessoas tem uma dinâmica muito parecida com a das ondas. Ora vem, ora vai...
Lá vem um rico que ficou pobre.. lá foi um pobre que ficou rico. Lá vem um país que entrou em guerra... olha acolá mais um tratado de paz. Mas que guerra sanguinária igual à de muitos anos atrás...
-Mas não tens ninguém com quem partilhar...
-Não é bem assim.. Enquanto houver crianças, pequenas mentes ávidas sem veneno de sociedade vai haver sempre um olhar. Uma real vontade de ver. Enquanto tu existires a realidade deixa de ser uma história e passa a ser um futuro.

2010/01/15

Calor na Noite

...os beijos que ele lhe dava,

Trazia-os ele de longe

Trazia-os ele do mar,

Eram bravios e salgados...


...sempre gostei da sonoridade de Vilarette, uma espécie de fado falado. Às vezes também a gente geme dolente a soluçar. A guitarra afaga numa mágica nostalgia a fogosidade da noite. A pintura romântica da penumbra. Lume e cinza na viela, o lume no peito dela a cinza no olhar dele. Febris é como se descrevem as noites de Agosto. Eu discordo. A força pungente do luar vê-se no ardor presente no horizonte, na complexidade do adormecer, no beijo escondido ao acordar.. no acordar de Janeiro. A alma aquece, contrapondo o frio que nos gela o corpo. A névoa nocturna e fugidia acende o meu coração, no fogo da tua chama. Vais voando libertina no mundo das emoções, esquecendo, em breves pausas, dolorosas tentações. As noites aquecidas pela ternura do passado trazem sempre vontade. Vem matar a saudade, desta saudade em que fico. O silêncio da noite ensurdece a vontade de te ter, ecoam gritos de desejo. Há gente na varanda do subconsciente a exigir a tua presença. A noite tem a capacidade fantástica de mutação, tudo muda constantemente de lugar, tu permaneces como se fosses uma inquietante invariável. Mãos pungentes, mãos fermentes, impacientes, mãos desoladas e sombrias, é com elas que toco teu rosto pintado em transparentes imagens geradas aleatoriamente no tecto da minha noite. O teu sorriso acaba por me orientar na solidão. E mesmo que esteja frio, que os barcos fiquem no rio, parados sem navegar vens até mim nesse brio que enaltece o teu olhar. O dia vem rápido aos solavancos, raiando de novo o dia, devolvendo uma triste lucidez sob a forma de acordar. Fica no entanto o sonho e a vontade de te ter, vem sempre à mesma hora, mal acabo de deitar...

2009/12/28

Cinema


Há quem lhe chame David Lynch

lixo


Eu chamo-lhe David Lixo

2009/11/21

Amigos...

...estão sempre lá. Não é isso que costumam dizer? Eu pelo menos costumo. Não sei onde é propriamente o lá, ou sequer o que entendo por sempre, mas, estão sempre lá. Algures entre o sopro do subconsciente e a vontade de um abraço. Se fosse possível catalogar os amigos numa taxonomia de sensações eu diria que são uma espécie de beijo ao vento, um respirar convulsivo de alegria, a face hirsuta do pai natal, um som estridente, um festival. Como poderei utilizar taxonomias? Nem sequer os sei identificar. Se existisse uma teoria física sobre o conceito amigo a gente poderia imaginar a energia potencial como sendo a probabilidade daquela pessoa que a gente não conhece se tornar um dos cavaleiros indagantes da nossa alma. A energia cinética traduziria a taxa de frenesim que a gente sente quando se encontra, meses depois, com alguém que nunca se chegou verdadeiramente a separar. Os amigos são isto. São? Que visão redutora. Os amigos são muito mais, são aquilo que nunca imaginei poderem vir a ser, o preto no branco, a luz na noite, um calção sem bicicleta, uma visão turva, um antagonismo que nos completa. Numa visão pragmatista os amigos são aquelas almas que nos amparam o som reflectido da nossa personalidade, almas gémeas encarceradas em corpos vários. Os amigos são fieis, constantes, alegres e dizem sim. Dizem? Que visão deprimente. Os amigos enganam os nossos defeitos, faltam à nossa estupidez e entristecem-se com o nosso mau comportamento, os amigos dizem não. Os amigos são tudo aquilo que nunca esperei, envoltos numa realidade que sempre soube existir. São o ontem e o amanhã unidos pelo fio invisível do presente, a água benta presente no éter da aguardente...